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17.Nov - A Paz de Jesus
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A Paz de Jesus

Talvez, uma das causas do nosso desânimo, frente as nossas preces, aparentemente não atendidas, seja, a confusão que fazemos entre a paz que tanto pedimos, com a paz que Deus quer nos dar e Jesus nos ofereceu.


Mas, poderiam retrucar alguns, existem diferenças entre elas? Afinal a paz que almejamos não é a mesma que Jesus nos propôs, ou seja a ausência de guerras, problemas, conflitos, ódio e dificuldades?


Durante um tempo, também pensei que ambas eram a mesma coisa e pedi, em oração, por esta paz mundana, até que, um dia, percebi o que Jesus queria nos ensinar, quando nos falou sobre a Sua Paz.


Aliás, no Evangelho de João, Ele sugere que há diferenças entre a Sua Paz, e a proposta de paz do mundo, quando afirma:" Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá. Não se perturbe o vosso coração, nem se atemorize"... Jo 14,27.


Realmente, o mundo aponta como modelo de paz, desejada pelos povos, raças e nações, a ausência de guerras, discriminações, preconceitos e tantas outras diferenças éticas, sociais ou raciais, que geram os conflitos mundiais.


Esta utópica, e desejável, situação, realmente, seria a consolidação da paz que a humanidade poderia, e deveria, alcançar, se cada ser humano mantivesse em seus corações, a Paz que vem de Deus.


A paz do mundo, e no mundo, será, um dia, a decorrência natural da Paz, pessoal e individual, de cada um de nós, filhos e filhas de Deus.


Porém, a Paz que Jesus nos sugere, não é, obrigatoriamente, a ausência de problemas, dificuldades, perseguições, dores e conflitos em nossas vidas, mas sim a capacidade de enfrentarmos esses dissabores em paz, sem nos desesperarmos ou perdermos a confiança em Deus.


Podemos até passar por situações de terrível pressão ou tensão, sem necessariamente perdermos a paz, conforme Jesus passou, como contam os Evangelhos.


A Paz que Jesus nos fala, é fruto da confiança irrestrita que devemos ter nas promessas de Deus, em especial, na certeza da Ressurreição e na esperança de vida eterna, prêmio final para aqueles que procuraram viver sob a luz de Sua Lei e de seus mandamentos.


Esta paz, que deve ser cultivada em nossos corações, vem da certeza de que Deus, que tudo vê e tudo percebe, nos protege, nos guarda e nos quer felizes, mas não significa necessariamente que, para que ela ocorra, Ele precise nos preservar das tribulações presentes, aliás, provações, muitas vezes, decorrentes da própria presença desta Paz em nós e que tanto incomoda os nossos opressores.


Ciente disso, Jesus nos preveniu sobre a incidência de tribulações em nossas vidas, ao afirmar: "No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo." Jo 16,33.


Para que a paz do mundo se realize, é necessário existir a Paz de Deus, no coração das pessoas que nele vivem mas, a recíproca não é obrigatória pois a Paz que vem de Deus pode, e deve, perfeitamente estar presente em nossas vidas, mesmo que a paz do mundo ainda não esteja consolidada!


Aí está o paradoxo da fé pois é fácil, para qualquer cristão, crer em Deus, declarar que O ama, orar, participar fielmente das celebrações religiosas, enfim cumprir os mandamentos da Lei, quando tudo vai bem em sua vida ou, se ele não precisa enfrentar provações, dificuldades, perseguições e privações, que nos perturbam e nos roubam a paz.


A grande prova de amor que podemos dar ao Pai, é amá-Lo e louvá-Lo sempre, mesmo diante de terríveis tribulações, sem nos desesperarmos, numa demonstração de fé e de confiança, que nos garantem a legítima paz.


Jesus, frente as mais complexas situações aflitivas ou mesmo sob um clima de terror e opressão, não deixou que a Paz se afastasse de seu coração. Atentem para o Seu diálogo com Pôncio Pilatos (Jo 18, 28-40.19, 1-2) quando, diante de falsas acusações em um iníquo interrogatório, seguidos de um julgamento leviano e de uma sumária condenação, Ele, em momento algum, perde a Paz, apesar das terríveis circunstâncias desfavoráveis daquela hora.


Quando os fariseus, procurando incriminá-lo pelas palavras, apresentam a Ele a mulher flagrada em adultério, pressionando-o para que se manifeste e se comprometa, percebemos a sua tranqüilidade ao abaixar-se e, em silêncio, rabiscar a areia com o dedo, descontraidamente. Isso é uma evidência da Paz que reinava em seu coração naquele tenso momento.


No episódio de sua prisão, quando Judas, acompanhado dos soldados que vieram para prendê-lo e conduzi-lo para o iníquo julgamento que o condenaria à morte (Ele já o sabia pois o declarara momentos antes, na última ceia, aos seus amigos), sua atitude, pelo diálogo apresentado na narrativa dos quatro evangelistas, é a de uma pessoa que estava em Paz, mesmo diante da iminência dolorosa do Calvário e de uma humilhante morte na cruz.


A exemplo de Jesus, devemos manter a Paz em nossos corações, mesmo frente as dificuldades inesperadas. Diante da dor da enfermidade, diante das humilhações e nas perseguições, diante das injustiças e das calúnias, enfim diante de tudo que possa nos magoar, ferir, intimidar, perturbar, ameaçar e incomodar, não devemos perder a paz pois, sem ela, tudo pode se complicar, tornando as coisas, aparentemente, piores do que o são.


Na ausência da paz vemos dissipar a esperança, sem esperança rapidamente perdemos a fé e sem fé, nossas vidas perdem o sentido, fazendo de nós pessoas sem rumo, desorientadas e ao sabor das perigosas e traiçoeiras vagas do mundo.


Portanto, quando Jesus ressalta a importância de mantermos a Paz, Ele quer mostrar que, sem ela, não conseguiremos levar adiante o projeto que Deus tem para as nossas vidas. Projetos que, muitas vezes, para nosso amadurecimento e purificação, passa, necessariamente, pelo calvário ou pela cruz, até completar o seu curso definitivo.


Para enfrentarmos isso precisamos da Sua Paz, prova é que, quando, pela primeira vez, Jesus aparece, Ressuscitado, aos seus discípulos, reunidos e trancados, com medo dos judeus, suas palavras iniciais são: A Paz esteja convosco, e, diante da eufórica alegria demonstrada, Ele repete: A paz esteja convosco! Jo, 20 19-20.


As primeiras palavras pronunciadas pelo Mestre Ressuscitado, aos temerosos discípulos, foram uma benção de Paz, por que sem ela, eles não teriam conseguido levar adiante o plano de Deus, iniciado após a Sua Ressurreição e, continuado por eles, até os nossos dias.


Nos Atos dos Apóstolos podemos observar, pela serenidade visível dos atos de Pedro e Paulo, seus mais ilustres personagens, a presença contínua da Paz de Jesus, extensiva também a todos os outros membros daquela comunidade emergente que nascia, e rapidamente crescia, mesmo nos momentos mais aflitivos e dolorosos de sua difícil implantação.


E assim tem sido, ao longo desta caminhada de 2.000 anos do Cristianismo, com todos aqueles que, por suas vidas, santificaram-se, cada um ao seu modo, anunciando e testemunhando ao mundo a sólida fé cristã.


Poderíamos citar alguns nomes célebres entre milhares, como Francisco de Assis, Antonio de Pádua, Tereza Davila, Teresa de Calcutá e tantos outros que impregnaram seus corações desta paz que vem de Deus, para enfrentar as infinitas provações pelas quais passaram, testemunhando assim a genuína fé.


Seguindo o exemplo deixado por eles, devemos também aprendermos com Jesus a desenvolver, em nossos corações, a Paz que vem de Deus, independentemente da existência de paz mundana ao nosso redor, pois só assim conseguiremos nos manter no Caminho que Ele nos colocou.


Devemos nos espelhar n'Ele imitando suas atitudes, enfrentando com coragem as injustiças e dificuldades, sem nunca abrirmos mão da verdade, enfrentando o mal sem medo, mas ao mesmo tempo sem perdermos a Paz, como Ele o fez, até no momento derradeiro da Cruz, quando ao Pai entrega o Seu Espírito, em Paz, concluindo assim a Sua missão aqui na terra.


Fonte: Antonio Miguel Kater Filho

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