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17.Nov - Nós cremos e por isso falamos!
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Nós cremos e por isso falamos!

Fé e comunicação serão os pilares centrais do 16º Encontro de Marketing Católico em Recife, cujo tema é: Nós cremos e por isso falamos. II Cor, 4, 13. Estas duas características humanas: crer e falar, são elementos imprescindíveis às religiões que nascem a partir de uma crença e são propagadas entre as criaturas por meio da palavra: oral e escrita, e também inerentes à atividade do Marketing. Porém, é preciso destacar que a evolução e o crescimento de uma religião não pode se ater apenas à fé e à comunicação, sob o risco de se tornar algo teórico e desinteressante, no decorrer do tempo. 


A religião não prescinde de uma experiência concreta de Deus, onde aí sim: a fé pessoal é reforçada e a comunicação interpessoal ganha vida e entusiasmo, agregando novos adeptos e fidelizando os que já a professam. Esta exigência nos foi relembrada pelo Papa Bento XVI, em sua encíclica: Deus é Amor quando nos escreveu: “...não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande ideia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva!” Esta Pessoa nós sabemos bem quem é: Jesus Cristo, e este acontecimento são as infinitas e incontáveis experiências de Deus que vêm acontecendo com os fiéis cristãos ao longo destes dois últimos milênios sobre a face da terra. Experiências que mantém acesa nos corações a fé dos fiéis nas promessas, nas palavras, enfim, na doutrina de Jesus, enquanto esteve entre nós. Promessas, palavras e doutrina devidamente registradas nos Evangelhos. Experiência de Deus que no documento de Aparecida é definido como: “o dom do encontro com Jesus Cristo”, algo concreto e não simplesmente teórico. Karen Armstrong, ex-freira católica inglesa, atualmente escritora, consultora e conferencista de religião comparada, defensora de Deus frente aos autores que propagam o ateísmo, corrobora isso em seu livro: Em defesa de Deus – O que a religião realmente significa (Editora Companhia das Letras), ao afirmar categoricamente: “Religião não é essencialmente algo que se pensa, mas algo que se faz. Ninguém aprende a dirigir simplesmente lendo o manual ou estudando o código de trânsito. Assim como não se aprende a dançar, pintar e cozinhar folheando textos e receitas. Como qualquer aprendizado, a religião requer perseverança, esforço e disciplina.”


PERSEVERANÇA, ESFORÇO E DISCIPLINA, ELEMENTOS IMPRESCINDÍVEIS EM AÇÕES EVANGELIZADORAS. 


Um dos maiores modelos de evangelizador é, sem dúvidas, São Paulo, que com sua pregação forte, corajosa, desafiadora e consciente, em suas cartas escritas com sabedoria e na firmeza da doutrina de Jesus Cristo, evangelizou incontáveis pagãos: incultos e de corações duros. Imitando o Mestre com Suas parábolas, São Paulo se valia de exemplos comuns e do conhecimento popular para ressaltar a Verdade de Jesus Cristo e o nosso compromisso com Ele, como cristãos autênticos.


Ele nos aponta a perseverança, o esforço e a disciplina como um caminho para chegarmos até O Caminho, valendo-se de comparações com os atletas que se preparavam para uma disputa no intuito único de vencê-la. As disputas em estádios eram muito comuns em seu tempo e fonte de entretenimento, atraindo muitos espectadores. Entre seus inúmeros exemplos ressalto este: “Nas corridas de um estádio, todos correm, mas bem sabeis, que um só recebe o prêmio. Correis, pois, de tal maneira que o consigais.” I Cor 9, 24. Para evangelizar, precisamos da fé, da comunicação e também de muita preparação, que exige de cada um de nós, evangelizadores: perseverança, esforço e disciplina. Em outro trecho da mesma carta dirigida aos Coríntios ele diz: “Assim eu corro, mas não sem rumo certo. Dou golpes, mas não no ar.” I Cor 9, 26. São Paulo tinha uma consciência precisa de sua missão e mantinha o foco de seus esforços e toda a sua atenção nela, por isso, na maioria das vezes, era bem sucedido por onde passasse e pregasse o Evangelho de Jesus. Lendo suas cartas percebemos ainda que Paulo nunca desperdiçava uma única oportunidade para ser ouvido, usando-a sempre para anunciar o Evangelho, despertando assim a fé nos seus ouvintes, porque a fé brota e cresce a partir do ouvir. Dizia ele ao seu amado discípulo Timóteo e a todos nós cristãos hoje: “Prega a Palavra, insiste oportuna e inoportunamente, repreende, ameaça, exorta com toda paciência e empenho de instruir.” II Tim 4,2.










A FÉ EM JESUS CRISTO INICIA-SE PELO OUVIR


Na Carta dirigida aos cristãos que viviam em Roma, Paulo reafirma: “Como invocarão aquele em quem não têm fé? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão falar se não houver quem pregue?” Rm 10, 14. E, na mesma Carta, alguns versículos adiante, ele conclui: “Logo, a fé provém da pregação (portanto, pelo ouvir) e a pregação se exerce em razão da palavra de Cristo.” Rm 10, 17.


A fé em Jesus Cristo vem pelo ouvir, nos ensina São Paulo o maior de todos os evangelizadores, porém para que as pessoas ouçam, mais do que nunca é necessário que nós: evangelizadores do terceiro milênio, saibamos utilizar os modernos meios de comunicação que atingem os ouvidos e os sentidos das pessoas em todos os lugares, a todo o momento e a qualquer hora.


Os avanços na área da comunicação e, particularmente, na área da telefonia móvel, criando sinergia com a informática, nos abrem um universo infinito à frente e totalmente ilimitado em todas as direções. Algo tão imenso que, muitas vezes nos intimida, pela velocidade incomensurável que avança, se atualiza, se modifica e se moderniza tornando os aparelhos e equipamentos recém adquiridos, obsoletos em curtíssimo tempo! Esta velocidade da informatização dos meios de comunicação, muitas vezes, nos acua nos púlpitos e nas sacristias, onde, dominamos a tradicional “comunicação” com os nossos fiéis. Os púlpitos modernos, a começar pelo rádio e pela tevê, passando pela Internet com os seus sites de relacionamento: Orkut, Facebook, MSN, Twitter, Skype, Quepasa entre outras redes sociais e tantos outros meios de intercomunicação global, são amplamente utilizados pelas pessoas para se comunicarem em tempo real, por todos os redutos do planeta e sem limites quantitativos. Uma ação promocional de uma instituição bancária, no mês de fevereiro deste ano, utilizando a popularidade de um conhecido apresentador de tevê, obteve em pouco tempo cinco milhões de acessos pelo Twitter, uma destas novas ferramentas de comunicação via Internet. Um fato inédito divulgado publicamente por meio de propaganda de página inteira em um dos jornais mais lidos no estado de São Paulo e no Brasil: o popular Estadão.


Porém, infelizmente, a maioria dos nossos evangelizadores, com honrosas exceções, desconhece, despreza e alguns deles até criticam e combatem estes modernos meios de difusão de ideias, incluindo os religiosos que ousam se utilizar deles para anunciar o Evangelho. Uma eliminação de participantes de reality shows apresentados pela tevê, demanda, em poucos minutos, milhões de mensagens oriundas dos mais diversos meios modernos de comunicação telefônica (grande parte delas por meio de celulares que já ultrapassam a quantidade de duzentos milhões de aparelhos vendidos no Brasil, número maior do que a quantidade de brasileiros residentes no país, que não alcança o montante de 190 milhões de habitantes, de acordo com o Censo realizado em 2010), e pela Internet e suas diferentes ferramentas. Mas, certamente, alguns argumentarão: - Eles conseguem este resultado expressivo porque se valem do sensacionalismo...  Ao que eu contra argumento afirmando que não se trata apenas de observarmos, criticarmos e combatermos corretamente o sensacionalismo utilizado nestas ações que, indubitavelmente, é um dos responsáveis por esta quantidade imensa de comunicações espontâneas, mas sim de entendermos e admitirmos que atualmente existem meios gratuitos e acessíveis de comunicação que alcançam milhões de pessoas em tempo real e nós, como evangelizadores, não podemos desprezá-los, fingindo que eles não existem ou então que achando que são “mundanos” demais para serem canais evangelizadores. Se alguém pensar ou agir desta forma, se comportará como um avestruz (que esconde sua cabeça em um buraco, mas deixa seu corpo descomunal para fora, à vista de todos) ou então estará subjetivamente admitindo nossa incapacidade, nossa preguiça ou o nosso comodismo frente a estes novos desafios de comunicação global, fruto da tão discutida globalização que, na Igreja, tem: adeptos entusiastas e críticos mordazes.


O PAPA BENTO XVI E A GLOBALIZAÇÃO


O documento de Aparecida abre o seu capítulo 60 com a seguinte afirmação: “O Papa, em seu Discurso Inaugural, vê a globalização como um fenômeno “de relações de nível planetário”, considerando-a “uma conquista da família humana”, porque favorece o acesso a novas tecnologias, mercados e finanças. As altas taxas de crescimento de nossa economia regional e, particularmente, o seu desenvolvimento urbano, não seriam possíveis sem a abertura ao comércio internacional, sem o acesso às tecnologias de última geração, sem a participação de nossos cientistas e técnicos no desenvolvimento internacional do conhecimento e sem o alto investimento registrado nos meios eletrônicos de comunicação.”


A globalização - se expressa em duas palavras - poderia ser identificada como comunicação global, porque na essência é este o seu papel: colocar o mundo se intercomunicando em tempo real, ao vivo e com imagens coloridas! Tenho certeza que se Jesus retornasse ao mundo nos dias atuais, não dispensaria estes meios de comunicação, já que em Sua vida pública, valeu-se criativamente do eco natural das montanhas para fazer Sua voz chegar mais longe, para que muitas pessoas pudessem ouvir a Sua Boa Nova; da mesma forma que utilizou o vento forte e incessante vindo do mar para o continente, pregando na praia sobre barcas estrategicamente afastadas da orla, para que as Suas palavras atingissem o maior número possível de ouvintes. Ou então fico a imaginar que se São Paulo vivesse nos dias de hoje, a enorme quantidade de pessoas que ele evangelizaria com o seu entusiasmo e o seu incansável ardor missionário, que o fez em uma de suas muitas cartas redigidas às primeiras comunidades (cartas que foram e ainda são excelentes meios de comunicação por ele tão bem utilizados que nos permite hoje, no terceiro milênio do cristianismo, sermos ainda por elas: tocados e exortados) exclamar: “Ai de mim se eu não evangelizar!” I Cor 9,16.


A FÉ E A COMUNICAÇÃO


Como estas características, inerentes ao tema principal do 16º Encontro de Marketing Católico: fé e comunicação são comuns às religiões e ao marketing é possível que, valendo-nos das ferramentas, técnicas e descobertas do marketing sobre como fidelizar clientes a marcas, produtos e hábitos, possamos tornar mais eficaz a nossa comunicação com o mundo moderno, como nos desafia o documento de Aparecida, aonde nossos bispos, iluminados pelo Espírito Santo de Deus e conduzidos pastoralmente pelo Papa Bento XVI, discutiram e aprofundaram exaustivamente o tema Evangelização na sociedade moderna, propondo-o como um desafio a todos nós: fiéis e clero, para que solidifiquemos a nossa presença no mundo, fazendo-a crescer na certeza de que quanto mais o Evangelho de Jesus Cristo for conhecido e vivido por muitos fiéis, particularmente em nosso Continente Latino Americano e no Caribe, melhor será a relação entre as criaturas humanas: filhos e filhas de Deus amados por Ele indistintamente.


Quero concluir este artigo com as palavras do Papa Bento XVI, corroborando o seu antecessor João Paulo II, proferidas em Aparecida: “Não temam! Abram, abram de par em par as portas a Cristo!... Quem deixa Cristo entrar não perde nada, nada – absolutamente nada – do que faz a vida livre, bela e grande. Não! Só com esta amizade abrem-se as portas da vida. Só com esta amizade abrem-se realmente as grandes potencialidades da condição humana. Só com esta amizade experimentamos o que é belo e o que nos liberta... Não tenham medo de Cristo! Ele não tira nada e dá tudo. Quem se dá a Ele, recebe cem por um. Sim, abram, abram de par em par as portas a Cristo e encontrarão a verdadeira vida.”


E para finalizar, não custa nos lembrarmos das palavras ditas pelo Papa Paulo VI no dia 22 de junho de 1973 (há 38 anos) ao Sacro Colégio dos Cardeais e tiradas de sua encíclica Evangelii Nutiandi (publicada em dezembro de 1975) que nos adverte que: “As condições da sociedade obrigam-nos todos a rever os métodos, a procurar, por todos os meios ao alcance, estudar o modo de fazer chegar ao homem moderno a mensagem cristã, única na qual ele poderá encontrar a resposta à suas interrogações e a força para a sua aplicação de solidariedade humana.”


Esta, em síntese, é a missão do IBMC-Instituto Brasileiro de Marketing Católico e o motivo principal de, anualmente, promovermos os nossos Encontros de Marketing Católico, já em sua décima sexta edição.


Fonte: Antonio Miguel Kater Filho

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